Outro dado alarmante do balanço de 2025 é a participação crescente dos agentes de trânsito armados com celulares. Quase 45% das multas foram registradas dessa forma, o que significa que um simples deslize do motorista pode ser convertido em penalidade instantânea. O que deveria ser instrumento de apoio se transformou em uma verdadeira blitz silenciosa.
Esse modelo de fiscalização, no entanto, abre margem para questionamentos legais. O Código de Trânsito Brasileiro exige que a autuação contenha elementos objetivos e imparciais, devidamente comprovados. Multas feitas por fotografia de celular, muitas vezes sem contexto e sem aferição técnica, podem ser contestadas por falta de respaldo probatório.
Na prática, o agente de trânsito se tornou uma espécie de “cobrador de rua”, focado mais em registrar infrações do que em orientar ou prevenir acidentes. É a lógica da arrecadação em tempo real, que substitui a função educativa e protetiva do Estado por uma política de caça ao motorista.
Salvador está cada vez mais próxima de um faroeste digital, onde o celular do fiscal vale mais do que a segurança da população. E, mais uma vez, o bolso do contribuinte é a principal vítima.
