Seja ao volante, sobre um patinete ou caminhando pela praia, o cidadão soteropolitano corre risco constante de ser autuado. O modelo de gestão adotado por Bruno Reis e herdado de ACM Neto usa a multa como principal instrumento de controle da cidade. De janeiro a junho de 2025, foram mais de 357 mil infrações registradas — e a tendência é que a cifra continue crescendo.
A cada mês, o cidadão recebe mais boletos da prefeitura do que soluções para seus problemas. A educação no trânsito ficou limitada a slogans e panfletos, enquanto radares invisíveis e agentes com câmeras na mão fazem a festa nas ruas. A segurança, que deveria ser o objetivo, virou pretexto para a indústria da multa.
O novo decreto sobre micromobilidade é mais um exemplo de como a prefeitura prefere punir a planejar. Em vez de estimular o uso de patinetes e bikes com ciclovias decentes, o poder público cria uma teia de proibições e velocidades absurdas, punindo quem busca alternativas sustentáveis. E quem ousar ultrapassar o limite de 6 km/h em calçadas corre o risco de ser penalizado.
Na praia, o cerco se fecha com ainda mais força. Um projeto de lei quer proibir caixas de som e prevê multas de até R$ 15 mil. O lazer da população virou alvo. O mesmo espaço que deveria ser democrático passa a ter regras dignas de zona militar. E, mais uma vez, a guarda municipal e os fiscais da prefeitura serão os executores da ordem.
Salvador precisa urgentemente rever suas prioridades. Multa não pode ser política pública. Cidadania se constrói com respeito, diálogo e estrutura — não com notificações, boletos e repressão.
